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16 de maio de 2013

Inverno no mediterrâneo



"Começo o dia dizendo à mim mesma que tudo dará certo, as nuvens nebulosas de ontem irão embora e o sol iluminará meu dia, vou caminhar um pouco e entre meus passos perdidos encontrarei flores perfumadas, digo também que preciso enfrentar pelo menos um desafio por dia, então me preparo. Calço meus sapatinhos de pelúcia e percorro o longo e estreito corredor de casa, mas espera um pouco... eu não estou em casa, não! Havia me esquecido, com os olhos ainda empoeirados devido ao pó mágico do senhor Sandman escancaro a porta do banheiro, ou melhor, de onde deveria ser. Descubro que é só um canto vazio em meio ao vasto concreto. Demoro mais alguns milésimos de segundos até entender que não estou mais em casa, que não sou mais uma criança... muito menos uma adolescente, mas o que eu sou? Adulta? Ter dezoito anos não significa necessariamente ser um adulto, nem uma criança, acho que a palavra mais adequada seria: descoberta!
Eu já fiz de tudo, li livros, pesquisei no Google, falei com estranhos, procurei no livro de receitas, naqueles sites de astrologia "descubra seu futuro", ou, "descubra qual é sua carreira", tem poção mágica? Medicamento tarja preta? Decepcionante, mas nenhum ponto de interrogação se transformou em exclamação. Percebo que não é mais minha mãe que paga a comida, eu pago. Não é mais meu pai que corre para pisar na barata, sou eu que atiro o chinelo numa tentativa frustada de matá-la, não é mais minha professora que aplica uma prova, e sim a vida (e, daquelas bem difíceis), não são mais os amigos que bajulam toda idiotice e estupidez que eu faço, são os "sem-almas" que me tratam com estupidez e arrogância, mesmo quando eu digo "com licença". Não existe mais aquele mundinho (dou pequenas risadas enquanto me lembro) tão difícil e cheio de marra que eu achava tão importante, existe um mundo onde eu não sei mais quem sou, o que vou fazer, se as escolhas que eu faço a partir de agora são certas, se eu serei forte e corajosa para enfrentar o colapso que está por vir...
Estou encostada na parede do corredor, chega a me dar calafrios, então eu vou escapando e escorregando aos poucos em direção ao chão. Fico lá por um bom tempo, tento enxergar uma luz, será que ainda existem nuvens lá fora? Mas, da última vez era começo de verão... Lanço um pouco de coragem resguardada há um tempo e sigo em direção ao milimetro de penumbra no final do corredor. Um gato se enrosca na minha perna e mia como se quisesse descobrir que aventura eu tenho para hoje, consigo pegar aquela bola de pelo obesa e cheirosa no colo e puxo a cortina que cheira à ... "Qual é o nome daquilo que fica no carpete?" não me lembro, mas do mesmo jeito aquilo fedia! Fico em estado de inércia, dou um passo em falso em direção ao que eu espero que seja a saída, mas engulo o seco e finalmente percebo que não é verão, mas inverno no mediterrâneo".


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